Sou
ex-cefetiano e, como todo aluno de escola técnica dos anos 80, trago na veia
uma formação que mistura a consciência crítica com os desejos de avanços e
mudanças que promovam o crescimento por mérito.
Sobre as
relações de poder, independentemente de ser um governo de esquerda ou de
direita (essa diferença, no Brasil, é muito difícil de entender), defendo uma
equidade social que não faça juízo de valor diferenciando classes sociais. Vejo
a justiça como sendo uma virtude que está acima de classes sociais. Assim, na
minha visão, o poder constituído legalmente deve buscar o equilíbrio sem diferenciar
ou prejudicar uma classe da sociedade.
Nos últimos 20
anos estamos assistindo um achatamento da classe média, com as classes mais
pobres recebendo “ajuda financeira” e as classes mais ricas “vantagens
financeiras”. Isso, na minha visão, vem provocando esse grito da sociedade.
Você pode perceber que não há uma bandeira partidária, mas, mesmo assim, é um
movimento político de um grupo que, até certo ponto, não se vê “atendido” sob
nenhum aspecto e, pelo contrário, só paga as contas.
Nesse sentido,
sou a favor dos movimentos sociais especialmente por voltar a despertar a
consciência crítica adormecida há 20 anos. Sou contra, como sempre fui, os atos
de violência e vandalismo. Na minha opinião, esses atos só servem para
enfraquecer os movimentos e, por isso, acho que são produzidos por aqueles que,
de certa forma, se sentem prejudicados pelas possíveis mudanças.
Lembrando das
aulas de historia, recordei das lições da antiga Roma, onde líderes praticavam a política do pão e circo,
ou seja, para manter a população fiel à ordem estabelecida e conquistar
o seu apoio, acalmavam o povo com a construção de enormes arenas, onde eram
realizados sangrentos espetáculos, acrobacias e apresentação de artistas de
teatro. Outro costume dos imperadores era a distribuição de cereais mensalmente.
A vantagem de tal prática era que, ao mesmo tempo em que a população ficava contente
e apaziguada, a popularidade do imperador entre os mais humildes ficava
consolidada.
Como no
contexto romano da época, a grande parte da população brasileira, por falta de uma
educação de qualidade, não tem (ou tinha) qualquer interesse em assuntos
políticos e só se preocupa com o alimento e o divertimento. Por sorte, talvez
estejamos vivenciando, como em Roma, o nosso processo de finalização da política
do pão e circo.
Recordando o célebre
Sócrates (o filósofo) “para conseguir a
amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as
qualidades que naquela admiramos.” O vácuo de 20 anos
do alto potencial de criticidade juvenil talvez esteja chegando ao fim e, quem
sabe, um novo modelo nas relações entre o poder e o povo esteja surgindo.
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