quinta-feira, 20 de junho de 2013

SOBRE A ONDA DE PROTESTOS NO BRASIL

Sou ex-cefetiano e, como todo aluno de escola técnica dos anos 80, trago na veia uma formação que mistura a consciência crítica com os desejos de avanços e mudanças que promovam o crescimento por mérito.
Sobre as relações de poder, independentemente de ser um governo de esquerda ou de direita (essa diferença, no Brasil, é muito difícil de entender), defendo uma equidade social que não faça juízo de valor diferenciando classes sociais. Vejo a justiça como sendo uma virtude que está acima de classes sociais. Assim, na minha visão, o poder constituído legalmente deve buscar o equilíbrio sem diferenciar ou prejudicar uma classe da sociedade.
Nos últimos 20 anos estamos assistindo um achatamento da classe média, com as classes mais pobres recebendo “ajuda financeira” e as classes mais ricas “vantagens financeiras”. Isso, na minha visão, vem provocando esse grito da sociedade. Você pode perceber que não há uma bandeira partidária, mas, mesmo assim, é um movimento político de um grupo que, até certo ponto, não se vê “atendido” sob nenhum aspecto e, pelo contrário, só paga as contas.

Nesse sentido, sou a favor dos movimentos sociais especialmente por voltar a despertar a consciência crítica adormecida há 20 anos. Sou contra, como sempre fui, os atos de violência e vandalismo. Na minha opinião, esses atos só servem para enfraquecer os movimentos e, por isso, acho que são produzidos por aqueles que, de certa forma, se sentem prejudicados pelas possíveis mudanças.

Lembrando das aulas de historia, recordei das lições da antiga Roma, onde líderes praticavam a política do pão e circo, ou seja, para manter a população fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio, acalmavam o povo com a construção de enormes arenas, onde eram realizados sangrentos espetáculos, acrobacias e apresentação de artistas de teatro. Outro costume dos imperadores era a distribuição de cereais mensalmente. A vantagem de tal prática era que, ao mesmo tempo em que a população ficava contente e apaziguada, a popularidade do imperador entre os mais humildes ficava consolidada.

Como no contexto romano da época, a grande parte da população brasileira, por falta de uma educação de qualidade, não tem (ou tinha) qualquer interesse em assuntos políticos e só se preocupa com o alimento e o divertimento. Por sorte, talvez estejamos vivenciando, como em Roma, o nosso processo de finalização da política do pão e circo. 


Recordando o célebre Sócrates (o filósofo) “para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos.” O vácuo de 20 anos do alto potencial de criticidade juvenil talvez esteja chegando ao fim e, quem sabe, um novo modelo nas relações entre o poder e o povo esteja surgindo.

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