quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

FINAL DE ANO!

Meus amigos,

Desejo a todos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo!

Abraços

Anderson Boanafina

COMO ESCOLHER UMA ESCOLA DE QUALIDADE?

Muitos alunos e amigos me questionam, principalmente nessa época do ano, sobre como saber se uma escola é ou não de boa qualidade.

Para tentar ajudar, de uma forma bem ampla e genérica, montei um pequeno Checklist, adaptando os indicadores de qualidade da Educação Infantil (MEC) para ser usado em qualquer segmento (Ed. Infantil, Ensino Fundamental ou Médio). Segue, no link, o material completo (http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/indicadores-EI.pdf)


Checklist


1 – A instituição está regularmente registrada com CNPJ e Parecer de Autorização (Conselho Estadual de Educação, Conselho Municipal de Educação ou Conselho Federal de Educação)?

2 – A instituição possui uma Proposta pedagógica consolidada em forma de documento e conhecida por todos?

3 – A instituição possui um planejamento anual visando o acompanhamento e a avaliação dos seus alunos, professores e equipe técnico-administrativo?

4 - Na prática de planejamento e da avaliação, cria-se condições para que os alunos também possam manifestar suas opiniões?

5 -  A instituição possui documentação organizada sobre os alunos, como ficha de matrícula, cópia da certidão de nascimento, cartão de vacinação e histórico de saúde?

6 - As professoras apoiam os alunos na conquista da autonomia para a realização?

7 - As professoras realizam atividades com os alunos nos quais os saberes das famílias são considerados e valorizados?

8 - As professoras criam oportunidades prazerosas para os alunos construírem novos conhecimentos?

9 - As professoras e demais profissionais chamam os alunos pelos seus nomes?

10 – Os alunos com deficiência recebem atendimento educacional especializado quando necessitam?

11 - As professoras e demais profissionais acolhem as propostas, invenções e descobertas dos alunos incorporando-as como parte da programação sempre que possível (feiras de ciências, eventos culturais..)?

12 - A instituição dispõe de um cardápio nutricional variado e rico que atenda às necessidades das crianças, inclusive daquelas que necessitam de dietas especiais (no caso de oferta de alimentação no local)?

13 - São tomados os cuidados necessários com a limpeza e com a higiene nos espaços físicos da Instituição e nos seus funcionários?

14 - As tomadas elétricas estão colocadas no alto das paredes e possuem tampas protetoras seguras?

15 - A instituição protege todos os pontos potencialmente perigosos do prédio para garantir a circulação segura dos alunos e evitar acidentes?

16 - A instituição tem procedimentos, preestabelecidos e conhecidos por todos, que devem ser tomados em caso de acidentes?

17- Há espaço organizado para a leitura, como biblioteca ou cantinho de leitura, equipado com estantes, livros, revistas e outros materiais acessíveis aos alunos e em quantidade suficiente?

18 - Os espaços e equipamentos são acessíveis para acolher as crianças com
deficiência, de acordo com o Decreto-Lei nº 5.296/2004 ?

19 - Há bebedouros, vasos sanitários, pias e chuveiros em número suficiente e
acessíveis aos alunos?

20 - Há mobiliários, equipamentos e acessibilidade para alunos com deficiência?

21 - Há diversidade e quantidade de material pedagógico suficiente para atender aos alunos, de acordo com as faixas etárias?

22 - Os professores têm, no mínimo, a habilitação necessária a disciplina que leciona?

23 - A Instituição possui uma equipe de pedagógica (supervisão e orientação educacional) devidamente habilitada?

24 - A Instituição possui um programa de formação continuada que possibilita que os professores planejem, avaliem, aprimorem seus registros e reorientem suas práticas pedagógicas?

25 - Os professores são remuneradas, no mínimo, de acordo com o piso salarial nacional do magistério?

26 - A Instituição conhece e implementa procedimentos que visam prevenir problemas de saúde das professoras e demais profissionais?

27 - Os familiares sentem-se bem recebidos, acolhidos e tratados com respeito na Instituição, inclusive em seu contato inicial?

28 -  Os professores e demais profissionais sentem-se respeitados pelos familiares e pela equipe da escola?

29 – É garantido o direito das famílias de acompanhar as vivências e produções dos alunos?

30 – Os alunos possuem seguro escolar?

31 – Outros pais de alunos indicam a escola?

32 – Qual é o IDEB (índice de desenvolvimento da educação básica) da escola?

Esses são apenas alguns elementos, mas se as respostas forem negativas ou a equipe da escola não fornecer respostas, sugiro que reconsiderem a escolha e visitem outras escolas, pois oferecer Ballet, Judô, Acesso à informática ou ter um lindo parque ou quadra de esportes, infelizmente, não garante a qualidade do ensino.

Anderson Boanafina

Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 2011

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O USO DOS INDICADORES NO CAMPO EDUCACIONAL

Indicadores são definidos como sendo "um conjunto comparável de informação que permita o diagnóstico da situação em estudo, seja ela global ou parcial" (BRASIL, 1994, p.15). São mecanismos que auxiliam a avaliação e controle dos resultados ou desempenho de uma ação que se quer medir. Eles possibilitam, por meio do levantamento de dados e informações, por exemplo, avaliar o progresso alcançado a partir dos resultados obtidos com a implantação de programas de melhoria da qualidade de uma instituição. Eles revelam aspectos de determinada realidade através das prováveis variações.
Os indicadores, no contexto avaliativo, constituem o referencial básico e imprescindível para garantir uma dimensão que seja, ao mesmo tempo, particular e comparável entre os processos. Essa propriedade, de articular-se, transcende o momento avaliativo e assegura, quando os indicadores são bem construídos, a sua confiabilidade e referência.
As análises que os indicadores proporcionam podem ser realizadas sob vários ângulos, demonstrando especificamente o comportamento de um segmento e/ou da instituição como um todo.
A definição de indicadores úteis e precisos, com a finalidade analisar os processos e produzir melhorias, representa um avanço estratégico na consolidação de uma cultura avaliativa no âmbito das instituições de ensino. São os primeiros passos rumo à qualidade educacional que, do ponto de vista institucional, se baseia na construção e agregação de valores aos serviços por elas (instituições) prestados. Assim como, para o seu pleno êxito, é fundamental a habilidade política do gestor ao traçar e implementar o processo avaliativo que, consequentemente, organizará os propósitos e procedimentos para construir melhorias constantes em sua instituição.
Assim, se o gestor de uma instituição de educação se limitar somente aos índices de desempenho comparativo com outras instituições e ignorar a opinião da comunidade, perderá a visão sistêmica do contexto onde a sua instituição está inserida e a quem os seus Cursos servem.
O texto que segue no link, de Ruben Klein (meu ex-professor, mas eterno mestre) e Nilma Fontanive, apresenta, além de uma breve descrição do Saeb, uma visão sobre a importância das metas e de indicadores na construção de melhorias na qualidade do ensino no Brasil.

Anderson Boanafina
Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 2011.

ALGUNS INDICADORES EDUCACIONAIS DE QUALIDADE NO BRASIL DE HOJE  http://www.seade.gov.br/produtos/spp/v23n01/v23n01_02.pdf

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A AVALIAÇÃO DA ESCOLA (PARTE I)

Um processo avaliativo é indispensável para guiar qualquer instituição que busque a melhoria dos seus processos, serviços e/ou produtos. Pode-se até afirmar que a avaliação é um essencial instrumento de apoio à gestão dessas instituições, tanto para o seu desenvolvimento como para o alcance de padrões elevados de qualidade dos seus resultados.

Na esfera pública, a avaliação adquire um papel importante ao contribuir no processo de transparência e de implementação de ações que, posteriormente, terão seus resultados refletidos na sociedade brasileira. É através dela que os cidadãos verificam de que forma os tributos estão sendo convertidos, ou não, em benefícios. 

Nas últimas décadas, a consolidação da democracia vem contribuindo para aumentar a participação da sociedade nas intervenções do Estado, seja exigindo austeridade, dos poderes constituídos na função fiscalizadora, ou optando por uma Universidade pública que apresente destaque nas avaliações externas dos seus Cursos, por exemplo.  De qualquer forma, um processo avaliativo, preciso e ético, é um instrumento de gestão que auxilia no combate ao desperdício de recursos e, consequentemente, no atendimento as demandas da sociedade, a qual é financiadora e consumidora dos serviços públicos.

Um desafio que surge, a partir dos resultados dos exames de larga escala (SAEB; Prova Brasil), é entender como a escola se apropria desses resultados para discutir o seu papel na construção da sociedade. Em outras palavras, “a avaliação das escolas só tem sentido no quadro de uma mudança e/ou aperfeiçoamento da escola”. (Nóvoa, p6)

Convido a você, meu amigo, a ler o texto (do link) do grande pesquisador e escritor português António Nóvoa. Acredito que teremos uma visão, no mínimo, diferenciada sobre a Escola.

Texto: Para uma análise das instituições escolares

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

CULTURA DE AVALIAÇÃO OU POLÍTICA DE AVALIAÇÃO?

O processo avaliativo envolve aspectos técnicos e metodológicos, porém, traz em seu cerne concepções ética, política e cultural, por centrar-se na participação de pessoas. Assim, seus resultados têm reflexos do meio social onde se desenvolve, carregado de valores próprios, ou seja, ela não é neutra.

A atividade avaliativa poderia ser desenhada como sendo uma concorrência constante entre a legitimidade da coleta de dados e a representatividade dos seus resultados. As estratégias e recursos utilizados pelos avaliadores, nessa disputa, formam visões diferentes das práticas avaliativas mais valorizadas e reconhecidas.

Em uma breve análise sobre a trajetória histórica da prática da avaliação, percebe-se uma evolução entre a mensuração, medida, observação e descrição da realidade, para a análise crítica com julgamento de valor ético-político pactuado entre os envolvidos. Assim, os resultados da avaliação passaram a interessar não só aos avaliadores, mas aos sujeitos envolvidos nos processos avaliativos (os stakeholders).

Essa complexidade, que constitui do ato de avaliar, conduz o avaliador a uma imersão no processo para compreender as múltiplas interferências internas e externas que afetam o resultado. Uma avaliação de aprendizagem, de políticas públicas ou de programas, qualquer que seja, segundo Grinspun (2001, p. 228), "busca travar um diálogo produtivo entre teoria e prática, entre política e ação, entre subjetividade e objetividade", que afetam seres humanos e/ou instituições.

Penna Firme e outros (2009, p. 172) defendem que é necessário diferenciar os conceitos de política de avaliação e cultura avaliativa, pois enquanto a primeira “é percebida como um conjunto de orientações que estabelece regras e procedimentos [...], a cultura avaliativa faz parte do conjunto de [...] crenças, valores, estilos e comportamentos [...]” das organizações. Na opinião da referida autora,

A avaliação é normalmente um desafio tanto para o avaliador como para o avaliado. [...], a presença de uma cultura avaliativa facilita o enfrentamento deste desafio, a sua ausência frequentemente gera medo da avaliação. [...] Realizar uma avaliação em uma área sem política avaliativa e sem cultura da avaliação é um caos [...] (PENNA FIRME et al., 2009, p.173-174).

A cultura avaliativa no Brasil é construída, geralmente, após a implementação de processos avaliativos baseado em experiências de outras instituições.  Todavia, após a sua apropriação pelos envolvidos, o processo avaliativo permite orientar decisões de forma racional e, a partir da compreensão da sua essência, a construção de relações entre a missão institucional com as suas ações e estes aos seus produtos e/ou serviços oferecidos à sociedade.

O link conduz o leitor desse blog a um interessante artigo da Thereza Penna Firme, e outros autores, onde os conceitos de “cultura de avaliação” e “política de avaliação” são discutidos a luz da experiência brasileira. O texto está em inglês, mas compensará o esforço.

Anderson Boanafina
Rio, 05/12/2011

Artigo: Cultura de Avaliação e Política de Avaliação como guias para a sua Prática: Reflexões a respeito da Experiência Brasileira - http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v17n62/a09v1762.pdf

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A FORMAÇÃO DOCENTE NA ERA DA OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA

Uma reflexão no Dia Nacional da EAD - 29 de novembro

Na era da obsolescência programada a antiga e tradicional educação, praticada nas escolas, vem encontrando dificuldades em garantir a permanência de jovens nos bancos da sala de aula, pois cercados e guiados pela planejada curta duração de bens e produtos, os alunos, principalmente do ensino médio, constroem uma visão deturpada sobre o ambiente escolar e vêem como lentos os resultados obtidos frente as suas diferentes expectativas de vida.

Esse “modelo de educação”, almejado pelos jovens, está forjado, até de forma inconsciente, pelo anseio de um ensino predominantemente pragmático ou "instrumentalista" (termo preferido por John Dewey) e menos enciclopédico que, na ótica desses alunos, significa valorizar os conteúdos das disciplinas a partir da sua importância para a resolução de problemas reais. Na prática é representado pela famosa e recorrente pergunta dos alunos: “pra que eu vou aprender isso?!”

Enquanto os alunos enfrentam a odisséia da busca de aprender algo significativo para a sua vida, os professores encontram, no ato de ensinar, o desafio de relacionar informações, representadas em diferentes formas, para ajudar seus alunos na construção do conhecimento.

Saber vencer as barreiras existentes no ato de ensinar passa, necessariamente, pelo tema “formação de professores”. Embora muito discutido, o tema ainda encontra a resistência de muitas universidades em mudar/atualizar seus currículos, preferindo manter em seus cursos de licenciatura um viés mais conteudista deixando de estimular, nos futuros docentes, a construção de competências necessárias para dar sentido aos conteúdos programáticos das suas respectivas disciplinas.

O texto no link é um artigo da pesquisadora RAQUEL GOULART BARRETO que, mesmo sendo de 2004, mostra-se atual para uma reflexão, especialmente hoje - Dia Nacional da EAD, sobre a formação e o papel do educador na era do “acesso em massa” de informações e de dados (nem sempre confiáveis), via Internet e, na contra-mão, a pouca ou limitada capacidade dos nossos jovens educandos em construir conhecimentos.

Anderson Boanafina
Artigo: Tecnologia e Educação: Trabalho e Formação Docente

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Cursos de Especialização na Casa de Oswaldo Cruz – Fiocruz

Estão abertas as inscrições para dois cursos de especialização na Casa de Oswaldo Cruz:

a) Curso de Especialização em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde

O curso tem como objetivo formar especialistas para prática profissional e/ou pesquisa acadêmica na área de patrimônio cultural, com ênfase no planejamento e execução de ações voltadas para a preservação e gestão do patrimônio arquitetônico e documental das ciências e da saúde.

Maiores detalhes sobre o curso:


b) Curso de Especialização em Divulgação da Ciência, da Tecnologia e da Saúde

O curso tem como objetivo a formar especialista para a prática profissional e/ou acadêmica no campo da divulgação da ciência, da tecnologia e da saúde, com ênfase no desenvolvimento de profissionais capazes de avaliar estratégias e produtos destinados à divulgação científica

Maiores detalhes sobre o curso:


Inscrições e Informações: http://www.coc.fiocruz.br/

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Formação de Recursos Humanos para atuar na Saúde (parte I)


Com uma história repleta de contradições e mudanças na legislação educacional, o Brasil manteve, por quase dois séculos, uma difusa relação desagregadora entre formação geral e para o trabalho. Contudo, a exemplo de países como França e Inglaterra, a sociedade brasileira vem construindo nos últimos anos uma nova consciência sobre a necessidade de substituir a velha e ultrapassada concepção de educação propedêutica destinada aos ricos e qualificação para o trabalho designada aos pobres, por uma educação cidadã.

A tendência da educação profissional, na atualidade, aponta para a sinérgica integração entre o preparo do cidadão para o processo produtivo e para a vida em sociedade, requerendo, da escola, um ensino apoiado em sólida base de conhecimento científico e tecnológico associados à formação geral e cultural. Essa articulação, inclusive, deve ser o mote condutor das ações de formação dos profissionais da saúde, em especial os técnicos, agregando em sua formação, além das competências técnicas, atitudes que conduzam esses profissionais a uma humanização da sua prática profissional em saúde.

O link abaixo acessa o artigo: Cenários e situações da formação em saúde no Brasil, de Antenor Amâncio Filho, publicado no Boletim Técnico do SENAC. O autor é uma pessoa que admiro, como ser humano e como pesquisador, que no texto conduz o leitor a uma visão histórica sobre as políticas de formação de RH na área da saúde.

Vale ressaltar que, como o próprio autor expressa em seu texto, “(...) educação e saúde - possuem raízes estruturais comuns e, ainda que operem com lógicas diferentes, visam ambos, em síntese, à constante melhoria da qualidade do viver humano.”

Convido a você, leitor desse Blog, que deseja conhecer mais sobre formação profissional para saúde, a ler esse artigo e outros desse brilhante pesquisador da Fiocruz    

Artigo

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Mestrado Profissional

Frequentemente sou questionado se o Mestrado Profissional é um curso stricto sensu ou se possui a mesma "validade" de um Mestrado Acadêmico. Minha resposta sempre é sim, para as duas perguntas. 

Como forma de tentar esclarecer melhor essa situação, preparei um texto que relata a origem do Mestrado Profissional no Brasil, ou seja, não se trata, como veremos, de um MBA ou de uma proposta nova. Na verdade, essa modalidade de Mestrado já estava previsto desde 1965!

O Mestrado Profissional no Brasil

A pós-graduação brasileira assume um novo rumo a partir do didático e doutrinário Parecer 977, de 1965, do extinto Conselho Federal de Educação (CFE), hoje Conselho Nacional de Educação (CNE). Nesse Parecer, também conhecido como “Parecer Sucupira”, foram construídas as bases para serem instituídos os modelos atuais de cursos stricto sensu (mestrado e doutorado) como o lato sensu (especialização e aperfeiçoamento).

O formato de pós-graduação proposto por Sucupira no Parecer, apresentava dois eixos claramente distintos: o eixo acadêmico, representado pela pós-graduação como a etapa preliminar na obtenção do grau de doutor, e o eixo profissional que contempla, exclusivamente, o mestrado profissional. Esse ultimo eixo é apropriado àqueles que, desejando aprofundamento da formação científica e profissional, não pretendem, necessariamente, dedicar-se à carreira acadêmica.

O Parecer 977 teve como objeto a definição da pós-graduação, seus níveis e suas finalidades. Na prática, esse Parecer cria o “modelo brasileiro” de pós-graduação, com a configuração de mestrado a partir do modelo americano (dois eixos: acadêmico e profissional) e de doutorado do modelo europeu (somente eixo acadêmico).

Três décadas após a promulgação do Parecer 977, a CAPES emite a Portaria nº 80, de 1998, onde dispõe sobre o reconhecimento dos mestrados profissionais. Este documento, base da legislação atual, traz orientações concernentes aos requisitos e condições de enquadramento das propostas de mestrado profissional nas instituições brasileiras.

Visando estabelecer as normas para o funcionamento de cursos de pós-graduação no Brasil, tanto o stricto como o lato sensu, o Conselho Nacional de Educação publica, em 2001, a Resolução CNE/CES nº 1 onde fica prevista a possibilidade de oferta de cursos stricto sensu “(...) mediante formas de associação entre instituições brasileiras ou entre estas e instituições estrangeiras (...)”(Art. 2º), como também, a condição “(...) indispensável para a autorização, o reconhecimento e a renovação de reconhecimento de curso de pós-graduação stricto sensu a comprovação da prévia existência de grupo de pesquisa consolidado na mesma área de conhecimento do curso” (Art 1º).

No ano subseqüente a Resolução nº1, o CNE emite o Parecer CNE/CES 0079/2002, onde esclarece que o Mestrado Profissional é a designação do mestrado que “(...) enfatiza estudos e técnicas diretamente voltadas para o desempenho de um alto nível de qualificação profissional. Esta ênfase é a única diferença em relação ao acadêmico”. O Mestrado Profissional confere as mesmas prerrogativas do Acadêmico ao seu egresso, inclusive para o exercício da docência e, como todo programa de pós-graduação stricto sensu, tem a necessidade do reconhecimento prévio e avaliação periódica da Capes.

Mais recentemente, em dezembro de 2009, a CAPES apresentou a Portaria Normativa nº 17 onde, ratificando o valor e a importância do Mestrado Profissional, esclarece dúvidas sobre a sua validade e, em seu artigo. 5º, estabelece que os cursos de Mestrado Profissional poderão ser propostos por:

 “(...) universidades, instituições de ensino e centros de pesquisa, públicos e privados, inclusive em forma de consórcio, atendendo necessária e obrigatoriamente aos requisitos de qualidade fixados pela CAPES e, em particular, demonstrando experiência na prática do ensino e da pesquisa aplicada”

Parágrafo único. A oferta de cursos com vistas à formação no Mestrado Profissional terá como ênfase os princípios de aplicabilidade técnica, flexibilidade operacional e organicidade do conhecimento técnico-científico, visando o treinamento de pessoal pela exposição dos alunos aos processos da utilização aplicada dos conhecimentos e o exercício da inovação, visando a valorização da experiência profissional.”

Os dispositivos legais, como se vê, não determinam uma regra mais especifica sobre uma forma ou modelo de curso de Mestrado Profissional. Essa indefinição, inclusive, representa um fator positivo ao dar margem à criação de novos cursos e de formas de interação institucional. Contudo, também, traz incertezas a partir da ausência de “modelos” pré-definidos.

Documentos sobre o Mestrado Profissional
http://www.ccpg.puc-rio.br/nucleodememoria/textosfinais/parecerCFE97765.pdf  (Parecer Sucupira)
http://meclegis.mec.gov.br/documento/view/id/132 (Portaria 17)
http://meclegis.mec.gov.br/ (Acesso a Legislação do Ensino Superior no Brasil)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Thereza Penna Firme


Em 2000 assisti, pela primeira vez, uma palestra da Thereza. Desde então, tenho uma grande admiração por essa educadora que, sem exageros, é o maior símbolo da temática Avaliação em nosso país.

Nos ultimos 11 anos, tive o privilégio de ter sido seu aluno (duas vezes) e orientando no mestrado e, confesso, me surpreendi com a sua simplicidade, como ser humano, e com a grandiosa generosidade em ensinar. Sempre disposta a aceitar o novo e a propor desafios aos seus alunos.  

Thereza consegue navegar e aplicar, como poucos, as mais diversas correntes, concepções e métodos avaliativos, somando essas a sua longa experiência como avaliadora, a torna referência no cenário (nacional e internacional) da avaliação.

Nascida no Rio de Janeiro, a carioca Thereza traz no coração o amor pelo samba, pelo mar e pela vida. Aliás, o bom humor constante e o amor pela prática docente são marcas dessa grande diva da educação que ministra uma palestra em uma quadra de escola de samba (lotada de professores!) com a mesma empolgação, dedicação e carisma que ministra suas aulas nos cursos de pós-graduação.  

Por tudo que acredita e pratica como educadora e avaliadora, Thereza Penna Firme é a nossa primeira personalidade da Educação de Qualidade.


Thereza Penna Firme

Professora, pesquisadora e psicóloga, formada em magistério primário (Instituto de Educação/Rio de Janeiro) e Psicologia Clínica (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio).  Obteve Mestrado em Psicologia Educacional (University of Wisconsin, USA), Mestrado em Educação (Stanford University, USA) e Doutorado (Ph.D) em Educação e Psicologia da Criança e do Adolescente (Stanford University, USA). 

Como docente, exerceu o magistério no Ensino Fundamental, Médio e Superior, Exercendo, também, cargo de direção do Departamento de Educação (PUC-RJ) e coordenadora do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação (UFRJ).

Com longa experiência nacional (MEC, CAPES, INEP, Universidades Públicas e Particulares) e internacional (USAID, OEA, BID, BANCO MUNDIAL, UNICEF, PAHO, UNESCO, El Salvador) em Avaliação, é consultora e conferencista junto a instituições públicas, privadas e órgãos nacionais e internacionais. 

Atualmente, Thereza desenvolve atividades de ensino, pesquisa e consultoria em avaliação na Fundação Cesgranrio – RJ.

Três presentes:
Mitos na avaliação: diz-se que...*

O Desenvolvimento da Capacidade de Avaliação no Século XXI: enfrentando o desafio através da meta-avaliação

Avaliação e Aprimoramento Curricular (essa é uma obra rara)

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE NÍVEL MÉDIO EM SAÚDE

O tema educação profissional sempre esteve presente na minha vida, seja como egresso, professor, avaliador ou, mais recentemente, em pesquisa. Por isso, de certa forma, me sinto a vontade para acreditar que essa modalidade de educação é, sem comparações, a mais assertiva para a população, principalmente quando o tema é geração de emprego ou de renda. 

Meu posicionamento, em defender a importância da educação profissional, está estruturado por três pilares:

1) qualifica, rapidamente, jovens e adultos para o exercício de uma profissão - variando o tempo de formação entre 1 e 3 anos (para a educação profissional de nível médio);
2) há uma crescente demanda por egressos de cursos técnicos (com excelentes salários), superando as do nível superior;
3) é a principal oportunidade, para os jovens, de acessar o primeiro emprego.

Além disso, na área da saúde, é uma modalidade de educação que vem se tornando estratégica como suporte na qualidade de vida da população.   

O link, que segue esse texto, é para acessar um artigo apresentado por mim, Mônica Wermelinger e Antenor Amâncio Filho (pesquisadores da FIOCRUZ), no encontro anual da ANPED em 2010.

O artigo  foca as características básicas quantitativas dos cursos técnicos na área da saúde existentes no estado do Rio de Janeiro, mapeando os cursos disponíveis e investigando os perfis das regiões onde estão inseridos; visualizando as possíveis potencialidades para atender, por localidade, a formação de profissionais de saúde. O estudo tem como objetivo, também, fortalecer as possibilidades de construir uma nova forma de responder às demandas dos segmentos da saúde, em especial do SUS.

Esse artigo, rico em dados e informações, provoca uma reflexão sobre o direcionamento dos investimentos públicos na expansão da rede de ensino profissional (em especial a federal) para que, de forma estrategicamente pensada, seja implementada como uma ação que realça a interação entre a educação profissional, o mundo do trabalho e as demandas da sociedade por saúde.

http://www.anped.org.br/33encontro/app/webroot/files/file/Trabalhos%20em%20PDF/GT09-6594--Int.pdf

domingo, 20 de novembro de 2011

A Autoavaliação de Cursos na Educação Profissional

Meus amigos, vamos refletir sobre uma situação: o técnico de enfermagem, formado nas nossas escolas de ensino médio, são os responsáveis por ministrar medicamentos aos pacientes internados, por exemplo, em uma UTI. Será que esses profissionais estão, realmente, capacitados para cuidar da nossa saúde? Quem avalia a sua capacidade (ainda na escola)? E a escola, oferece uma educação de qualidade?

Para iniciar, estou postando um link para o trabalho que apresentei, com a minha esposa, no Seminário Nacional de Educação Profissional – CEFET-MG, em 2010. É uma proposta, a partir de uma reflexão, de autoavaliação de cursos de educação profissional. Essa, também, é uma forma de construir uma Educação de Qualidade.