terça-feira, 13 de março de 2012

FORMAÇÃO PROFISSIONAL: MODISMO OU POLÍTICA

A LDB de 1996 trouxe, para a educação profissional, diversas mudanças que, nem sempre, foram recebidas por especialistas como sendo de interesse da sociedade. Críticos do novo modelo educacional apontavam para a demasiada fragmentação do ensino profissionalizante sendo, consequentemente, um elemento causador da alienação do aluno que, posteriormente, afetaria a sua condição de trabalhador. Essa fragmentação da educação profissional, como sinalizam Frigotto, Ciavatta e Ramos, estava na abdicação de uma política educacional que privilegiasse a formação integrada por uma que acolhesse, exclusivamente, as necessidades do mercado.

Contudo, com o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, o foco dos jovens vem mudando, deixando as profissões clássicas de lado e passando a buscar àquelas que melhor remunera. Infelizmente essa visão vem afastando os jovens de uma formação cidadã, estruturada por uma consciência mais crítica sobre os problemas que afetam a nossa sociedade, e os aproximando de uma formação mais pragmática, porém, muito restritiva. 
Se de um lado precisamos compreender que o jovem necessita estar preparado para os desafios constantes impostas pela dinâmica do mercado de trabalho, por outro, não se pode negar que uma formação que responda, rapidamente, somente às necessidades das organizações tende a gerar, em poucos anos, uma legião de “profissionais obsoletos” que não aprenderam a refletir e mudar a sua própria realidade e do meio onde vive. 
Reportagem no Portal G1 aponta que:
“Uma pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) feita em 402 indústrias de todo o Brasil revela quais são as profissões do futuro. São nove áreas que terão grande oferta de vagas até 2020. Todas têm relação com engenharia, automação e conhecimentos de informática.

São elas: supervisor de transformação em indústria de transformação de plástico, engenheiro de petróleo, técnico em sistema de informação, trabalhador de superfície de metais, engenheiro de mobilidade, técnico em mecatrônica, biotecnologista, engenheiro ambiental e sanitário e desenhista técnico em eletricidade, eletrônica e eletromecânica.”

Na reportagem podemos identificar profissões de nível superior e médio que, certamente, serão os alvos dos jovens que buscam formação para o emprego como, no passado bem recente, eram o técnico de telecomunicações, de informática e de segurança do trabalho que, atualmente, estão “fora de moda”, porém, com milhares de egressos buscando emprego. E agora? Será que a nossa sociedade está fadada a sempre formar “profissionais obsoletos” ou será que, na realidade, o que nos falta é uma política de formação de profissionais alinhada com uma política de geração de trabalho e renda?
Precisamos construir uma Nação sólida, com perspectivas e projetos de médio e longo prazo tanto de crescimento econômico como de formação de RH, ou seja, independentemente do modismo o que necessitamos são de Políticas de Estado.   
Anderson Boanafina
Rio, 13/03/2012
Link para a reportagem no G1: http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2012/03/pesquisa-mostra-quais-sao-nove-profissoes-do-futuro.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário